É DIFÍCIL ACEITAR…

confiar-2E difícil aceitar um não.
Aceitar que as coisas não fluíram ou não fluirão da forma como sonhamos ou planejamos pode significar uma dor profunda. Como se fôssemos privados de algo ou se alguma coisa tivesse sido tirada de nós.

Além das questões óbvias implícitas, há outras razões que dificultam essa aceitação da realidade: Não conhecer a si mesmo e sua capacidade; o desejo de ter tudo sob controle sempre – o que invariavelmente causa danos, pois ninguém detém esse poder; não ter recebido instrução clara desde a infância de que nem tudo é possível e que a vida também traz “nãos”; ter se acostumado demasiadamente com a “vitória” ou carregar o trauma de uma grande perda, entre outras.

Sim, portas se fecham, enfermidades nos atingem, finanças se desequilibram, demissões ocorrem, torneios esportivos se perdem, brigas ocorrem e, claro, RELACIONAMENTOS CHEGAM AO FIM. E não necessariamente por vontade de ambos.

Falando especificamente sobre universo feminino, em diversas trocas de experiências notei uma enorme dificuldade em relação este último item.
Dentre as atitudes e pensamentos comuns estão: acreditar que não é possível viver sem ele; implorar e até se humilhar para que volte ou para que não vá; aceitar uma traição ou fingir que não tem ciência; tentar mudar algo em si mesma para não perdê-lo; em casos mais sérios, chantagear ou persuadir por outros meios e, por fim, causar problemas ao homem e/ou sua nova parceira.

Mas, porque essas e tantas outras mulheres recusam-se a acreditar e aceitar um não? Claro que há, como eu disse, razões óbvias. Uma história construída; promessas; desculpas; mentiras; falsas ilusões; um histórico de realizações.
Porém, muitas vezes o homem já deixou claro que não quer (mais), já demonstrou de todas as formas, já tomou todas as atitudes, e, em não poucos casos, já ingressou em um novo relacionamento. Mas a mulher insiste, luta, corre atrás, acredita que ele está cometendo um erro, sendo injusto ou que ainda pode reconquistá-lo. Que prisão é está?

Pensamentos positivos e filosofias relacionadas à persistência, perseverança, esperança e fé não devem ser aplicadas em todo e qualquer caso, especialmente quando envolve um sentimento alheio.

Já ouvi tristes histórias de mulheres emocionalmente, psicologicamente e financeiramente presas a um homem que já possui “outra vida” há tempos.
Mulheres que têm todo potencial para seguir em frente. Reconstruir sua vida. Não somente virar uma página, mas trocar de livro. Mas que arrastam suas vidas atrás de quem não dá o mínimo valor. É necessário entender que “não é o amor que sustenta o relacionamento, é a maneira de se relacionar que sustenta o amor”. Se ele não faz mais questão de estar com você, não é sensato acreditar que ainda te ama.

O jornalista João Baldi Jr. (Papo de homem), escreveu um texto duro e profundo ao falar sobre a frustração dos fãs da banda Guns n’ Roses pela recusa do vocalista Axl em reunir-se com os antigos membros. Suas palavras foram tão significativas que não creio que se limitam ao assunto sobre o qual ele escrevia…

“Nós simplesmente não conseguimos lidar direito com a não-realização das nossas vontades, com a negação do que desejamos, com a dolorosa realidade de que o universo não vai necessariamente nos garantir tudo aquilo que queremos”.

E ele conclui… “Não sei se é culpa do ambiente cultural em que vivemos, cercados de teorias que pregam que todos são especiais e merecem apenas o máximo da vida em termos de satisfação pessoal… O que sei é que muitos de nós efetivamente não têm os mecanismos necessários para lidar positivamente – ou mesmo normalmente – com as contrariedades da vida, sejam elas grandes…ou pequenas”.

Duro? Cruel? Talvez sim, mas nos convida à reflexão. Claro que a perda é difícil. Mas a maneira como você a administra ou não administra, pode torna-lá pior. Nesse sentido considero saudável certo “pessimismo”. Não aquele tipo que acha que tudo dará errado. Mas aquele que dá um choque de realidade e nos faz perceber que algo chegou ao fim. Se um dia seu desejo de estar com ele for uma realidade, ótimo. Mas sua vida não pode ser pautada por isso. Não depender disso. Ela é muito mais do que isso. Resiliência e perseverança.

Atitudes como a de abrir mão da própria essência e do amor próprio em troca de ter alguém ao seu lado pode estar diretamente ligada ao sentimento de posse, ao ciúme excessivo, à dependência e à baixa autoestima.
Perceba que, se o fim de um relacionamento te paralisou, te estagnou, te derrubou ao ponto de perder seu amor pela vida, significa que o centro do universo estava no lugar errado. Significa que construiu seu castelo sobre a areia. E quando isso acontece, cedo ou tarde, desaba.

Em uma observação sobre o assunto, a psicóloga Rosane G. Martins, que tem em seu currículo um longo histórico de casos sobre relacionados ao tema, lembra que, muitas vezes, o homem surge num período difícil da mulher, onde as coisas parecem não ter sentido e, ao se relacionar com ela, preenche uma lacuna em sua vida. Porém, não é viável transferir a outro responsabilidade de fazê-la feliz. Este vazio deve ser trabalhado independentemente do status de relacionamento.

O que há de importante em sua vida? Quais são os bens preciosos que seu ex não pode levar quando a deixou? Onde eles estão? O que restou?
Sua paixão pela vida é pessoal e intransferível. A razão da sua existência não é seu relacionamento, por mais frio que isso possa soar. Pois envolve pensamentos, desejos e ações de outrem, e “só em nós mesmos podemos mudar alguma coisa, nos outros é uma tarefa quase impossível”. (Carl Jung)

Seu relacionamento era sim uma peça importante para a construção de sua história de vida e obviamente fará falta. Mas, de maneira implacável, a vida vai continuar. Nas palavras de Shakespeare… “…O tempo não é algo que possa voltar atrás. Portanto, plante você mesmo seu jardim e decore sua alma – ao invés de esperar eternamente que alguém lhe traga flores”. Olhe o relógio ao seu lado, olhe o calendário, observe o céu, o Sol…

deixe irHá quanto tempo está paralisada? Há quanto tempo está entregue ao pranto? Por quantas horas, dias, meses, anos esta esperando que “ele volte”? Quanto tempo desperdiçou? Até quando esperará que ele mude? “As pessoas muitas vezes não aceitam a verdade, porque não gostam da forma na qual a verdade lhes é apresentada.” (Leon Tolstoi). Talvez a forma drástica com que ele se foi seja difícil de engolir, mas se é uma verdade, deve ser encarada.

Sim, chore. Mas, simultaneamente, viva! Há um ditado americano que diz “CHORE UM RIO, CONSTRUA UMA PONTE, PASSE SOBRE ELA”. Construa um castelo com as pedras que te atiram. Um “não” dói demais. Pior é um falso sim. Muito pior é ir de encontro ao que te faz mal.
Pense em no grande conflito de um dependente químico. Seu corpo e sua mente têm a incontrolável sensação de necessidade daquilo que o conduz a destruição. Ele acredita de fato que não pode viver sem aquilo. É um vício.

Você se tornou dependente de um relacionamento?
A música “Na sua estante” da Pitty fez tanto sucesso por causa da beleza da composição, mas também por tornar se um hino de libertação da dependência emocional. Cansei de curar feridas que não se fecham, não se curam, mas a abstinência uma hora vai passar.

O tempo ajuda, mas a atitude é que de fato pode surtir efeito. Pois “não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido; simplesmente o mundo não irá parar para que você possa consertá-lo”. (Veronica Shoffstall)

No filme “Hitch”, o personagem de Will Smith conta como era apaixonado por uma garota e estava feliz, até que a encontra dentro de um automóvel com outro cara. Eles fecham o vidro…
Ele começa a chorar e a indagar: “Porque fez isso? O que eu fiz de errado?”
O rapaz ao lado da moça responde: “Tá fazendo agora, cara!”

Se há uma chance de ser feliz ao lado dele, lute. Se esse não é mais o desejo dele, e este não-relacionamento está fazendo mal, deixe-o ir.
Até porque, não se pode obrigar alguém a amar.

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7 comments on “É DIFÍCIL ACEITAR…
  1. É exatamente essa a minha opinião. Uma separação…. não é fácil! Ficamos nas incertezas, será que vou conseguir, será que vou aguentar, será que o erro é meu, etc…… Daí o tempo vai passando e não nos damos contas que tudo está mudando é nós………na mesma?!!! Não!!!……..somos mulheres de garras! Depois vamos perceber que na verdade não perdemos nada, adquirimos experiencias de vida, e que estaremos prontas para novas oportunidades, obstáculos, caindo e se levantando em seguida. Somos felizes por ter saúde, força, família e amigos que estão presentes em todos os momentos de nossas vidas, e muita Fé em Deus que não nos desampara nunca! Pra frente mulheres…..e Parabéns Ale! bjss

    • Obrigado por seu comentário, Yorrana.
      Esse é o objetivo do SAC. Despertar a força e a determinação já presente na vida de cada mulher.
      A vida não é fácil. Mas temos de vivê-la da melhor forma possível.
      Isso inclui cair e ter forças para levantar.
      Sucesso em sua caminhada!
      Abraços

  2. Eu me separei adois anos de um casamento dr vinte anos meu ex nunca me chamou para voltar mas quer relação comigo isso me doi muito fala quue me ama não entendo ele mas depois de ler esse texto esclarecida mais minha mente bgd

    • Triste isso, Lucimar. Ainda mais sabendo da forma como ele te usou mesmo depois de não querer mais estar contigo.
      Como diz o texto: “não é o amor que sustenta o relacionamento, é a maneira de se relacionar que sustenta o amor”. Se ele não faz mais questão de estar com você, não é sensato acreditar que ainda te ama.
      Você precisa retomar sua vida e NÃO permitir que ele volte a manipular você.
      Força!

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