NÃO SE PODE OBRIGAR ALGUÉM A AMAR

Não obrigar a amarVemos, ouvimos e lemos sobre amor o tempo todo.
Há milhares de frases, pensamentos e filosofias abordando o assunto.
Uma simples pergunta sobre o tema pode suscitar centenas de paginas e muita reflexão. Amor de Deus – aos que creem, de pais, de amigos, de familiares, parentes ou entre duas pessoas.

Mas, por que o amor tem tanta atenção?
Há muitas de respostas possíveis do porque o amor causa tanto impacto, e a que destaco é das mais profundas:
Porque não se pode obrigar alguém a amar.
Por mais que você se esforce, se dedique, se doe. Por mais que tente corrigir um erro ou sempre agir corretamente. Por mais que queira o bem e tente proteger e cuidar, há pessoas que dizem não.

Eis uma das maiores dores que um ser humano pode enfrentar. Tão forte que alguns não suportam. Muitos se entregam por não aceitar o não. Um filho abandonado pelo pai/mãe; uma mãe/pai rejeitada por um filho; um irmão que não aceita o dialogo; amigo que não aceita o perdão; marido ou esposa largado depois de toda uma historia construída…

Érico Veríssimo disse que “o oposto do amor não é o ódio, mas a indiferença”. Num breve texto, “O Contrário do Amor”, Martha Medeiros ratifica a ideia, dizendo que para odiar é preciso gastar tempo e energia, para ser indiferente não é preciso nada.
Ser tratado com indiferença talvez cause um dano bem maior do que ser odiado.

Se você passou por isso, e superou ou está superando, pode se considerar extremamente forte. Muito mais do que imagina. É uma grande prova para seu coração ser desprezado, ainda mais se for por alguém a quem você daria, quem sabe, a vida. Em muitos casos há uma ponta de arrependimento. Boa parte deles lá no final da jornada – o que não é muito confortante para quem sofre hoje. Em outros casos a vida segue seu rumo e seu sentimento fica pelo caminho.

Talvez a maior barreira interior seja não alimentar a mágoa e o rancor. Não endurecer o coração e afastar outras pessoas na tentativa de compensar o mal sofrido. Para isso, temos de lembrar um princípio que extremamente difícil de nutrir… As pessoas só dão aquilo que têm. As pessoas só oferecem aquilo de que estão cheias. Você cedeu amor por que estava cheia de amor. Deu carinho, afeto, compaixão, atenção por que era isso que possuía. Quem oferece ódio, mágoa, rancor, indiferença é por que, infelizmente, tem isso a oferecer.

E só poderá ser preenchido com coisas positivas quando se esvaziar do ruim. Esta, entre outras, pode ser a razão de ter desperdiçado aquilo que você queria dar. Ela estava cheia. Não cabia mais o bem, não cabia o bom. Não se coloca vinho novo em odre velhos. Se fizer isso rompe-se o odre e perde-se o vinho. Se você foi rejeitado busque forcas para superar usando tudo o que há de bom em você. Tudo o que é útil, agradável, prazeroso. Não se deixe preencher de coisas ruins por causa da rejeição.

Por fim, independentemente das razões que levaram à recusa do amor, uma coisa é fato, não é saudável tentar forçar um sentimento. Conforme diz Kant, o “dever é um jugo“, uma obrigação. O “dever é uma tristeza, mas o amor é espontaneidade alegre. Se é feito por coerção, não é feito por amor“.

Não existe uma fórmula para deixar de amar alguém. Nem antídoto para curar as feridas. A grande batalha é não ferir outrem, como forma de retaliação – já que conhecemos bem a dor. Carlos Drummond de Andrade, extremamente ousado, afirma que “o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos”. Muitas vezes isso ocorre por decepções do passado, traumas e expectativas frustradas.

Não retenha o que você tem de bom. Passe adiante… Para quem deseja, precisa e valoriza. E, não se arrependa de fazer o bem.

Há de haver alguém que aceite e faça bom uso do seu amor!

Alessandro Poveda
Psicanalista SAC
(11) 94945-8735

 

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5 comments on “NÃO SE PODE OBRIGAR ALGUÉM A AMAR
    • Olá, Rita!
      Este tema é bastante amplo. É necessário analisar todo contexto do evento.
      Como tudo começou, com quem, o que de fato ocorreu, quais as desculpas utilizadas, etc.
      Por isso, antes de escrever sobre o tema, enviarei um e-mail a você.

  1. Pingback: O AMOR É CONTAGIOSO | Sac S2

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