SOBRE O DIA DOS NAMORADOS

Não é nenhuma novidade que grande parte das datas comemorativas sejam simples invenções comerciais para aumentar a venda de produtos. Não é diferente com 12 de junho, que ocupa nada menos do que o terceiro lugar em vendas no decorrer do ano, perdendo apenas para o Natal e Dia das Mães.

Independentemente das razões que a estabeleceram ela faz parte do calendário e causa relativo impacto nas pessoas. Por isso, vamos refletir não sobre o que ela representa, mas sobre o que poderia representar.

Se você é comprometida:
Desejo um belo dia. De olhares, de sorrisos, beijos e abraços. Dia de presentes, de presença, de promessas, de realizações. Desejo discernimento, paciência, cumplicidade, amizade, reciprocidade. Isso só é possível quando conhecem um ao outro. Por isso, deixo-lhe algumas dicas do psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami:

“Aprendam a compartilhar a vida diária – dividir com o companheiro angustias, problemas no trabalho, dificuldades financeiras; Dividam sonhos e sentimentos; Argumentem – a conversa ainda é a melhor maneira das pessoas se entenderem; Organizem programas com os colegas – não se afastem dos amigos, programem passeios como teatro, cinema, organizem encontros; Riam dos próprios defeitos – enfrentar as dificultados com bom humor é mais saudável; Tenha tempo só para você – reserve um tempo só para você relaxar, curtir suas músicas preferidas, ir ao cabeleireiro, fazer compras e caminhar. Espero que curtam e guardem cada momento bom, e tenham força e disposição para enfrentar os ruins”.

E por falar nisso, se as coisas estão ruins:
A data pode servir para refletir: O que pode e deve ser mudado? O que deve e pode ser compreendido e tolerado? Use a data para entender como as coisas chegaram onde estão, e como sairão deste ponto. Tente imaginar como e por que tudo caminha para o lado errado. Tente resgatar aquilo que um dia os uniu. Afinal, em algum momento, tudo aquilo que os une foi mais forte do que o que os separa. Muitas vezes carregamos pequenos problemas por tanto tempo que eles se tornam grandes e pesados. Às vezes o fardo já é pesado, mas insistimos em carregar, em vez de esvaziar. Quem sabe não seja um bom dia para esvaziar a bagagem e carregar só o essencial?

O que falta? Perdão, compreensão, disposição, coragem, gratidão, paciência, sinceridade, otimismo? O que sobra? Rancor, mágoa, medo, raiva, ciúmes, culpa, intolerância, teimosia, orgulho?
Viver é uma tarefa difícil. Viver a dois tem o dobro da dificuldade. É um desafio bem maior. Mas, nas palavras de Freud “Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias mais belos foram aqueles em que lutaste”.

Se há sentimento, e ele é recíproco, por que não lutar?
De alguma forma sempre entraremos em conflito, ou com o problema ou com o parceiro. E a pior guerra é aquela em que não há inimigos, mas apenas pessoas que se amam. O hoje é mais importante do que o ontem. E dele também depende o amanhã. Nas palavras de Chorão “…existe um lado bom nessa história: Tudo que ainda temos pra compartilhar, e viver, e cantar. Não importa qual seja o dia…”.

A própria reflexão em torno de todo o universo do qual vocês fazem parte pode representar uma nova e boa etapa.

Agora, se você está sozinha:
É possível que passe por sua cabeça que será um dia meio entediante. Dia em que a ansiedade e a carência batem à porta. Tudo e todos parecem ter um par, menos você. Mas isso depende da sua perspectiva. E mudar o ponto de vista é uma das grandes e difíceis tarefas para a mulher.

Sim, pode ser o seu dia, solteira! Dia em que você pode estar acompanha de si mesma. Se conhecer, se curtir, se convidar. Quando foi a última vez que se convidou para jantar? Para ir a um parque, ler um livro, ouvir música, ouvir os pássaros? Quando foi a ultima vez que organizou suas coisas da forma que gosta e fez aquele prato especial para si mesma? Quando se convidou pela ultima vez para ir ao cinema ou alugar um filme? Quando foi a última viagem sozinha, ou apenas com amigas ou amigos? Sem a necessidade de se relacionar intimamente com um deles.

E a última vez que comprou um sapato sem se preocupar em atrasar-se? Não me diga que sempre fez compras pensando em outra pessoa. Costuma perceber que não há alguém te dizendo o que fazer? Além das questões já citadas em “Antes só…”, há outros fatores.
O dia é seu! É para amar alguém, inclusive – e especialmente – a si mesma.

Afinal, se você pretende ingressar num relacionamento num futuro próximo, é bom que esteja bem consigo mesma. A primeira pessoa que deve se amar é você. Como diz o título do livro de Steven Carter e Julia Sokol “Homens gostam de mulheres que gostam de si mesmas”. Como já citei em outro texto “Se você sente solidão quando a sós, está em má companhia.” (Jean Paul Sartre).

Sim, somos seres sociais e interdependentes. Mas não exclusivamente dependentes de outro alguém. Não acredito em alma-gêmea. Acredito em pessoas que decidem se aceitar e acordar uma relação de troca de sentimentos e ações. Por isso, enquanto estiver sozinha, aproveite sua liberdade, e use seu tempo!

Agora, se você está sozinha por medo ou decepções do passado, talvez esteja na hora de dar uma chance a si mesma. Uma chance ao amor. A oportunidade de não julgar todos pelos erros de alguns. O problema do excesso de medo é que ele pode nos proteger do mal, mas também nos privar do bem. A questão é que ele não nos dá garantias de que não sofreremos.

Você pode trabalhar demais, evitar sair de casa e conhecer pessoas, mas não deixa de ser uma maneira de não confrontar-se com a situação, evitando-a. Porém, de qualquer forma o indivíduo acaba vivendo a situação, fugindo ou não. De acordo com o Behaviorismo de B. F. Skinner, o homem age no mundo modificando-o, e ao mesmo tempo, é modificado pelas consequências de seu comportamento. Logo, o dia ser ou não bom, depende principalmente do que você faz com ele.

Lembre-se de que seu projeto é pessoal, mesmo que envolva mais pessoas. Você escreve sua trajetória. Você assina sua biografia. As demais pessoas são personagens importantes desta história, mas elas têm a sua própria.

Por fim, a título de informação, o costume de comemorar o Dia dos Namorados no Brasil surgiu em 1949, quando o publicitário João Dória trouxe a ideia do exterior e a apresentou aos comerciantes, que escolheram junho por ser um mês de baixas vendas. Você já imaginou como eram as coisas de 1948 para trás?

Pois é, seja qual for a data marcada no calendário ou seu status de relacionamento, siga a regra máxima: AME A SI MESMA. Enfrente as dificuldades, evolua! Este é o primeiro passo para se ter um bom dia, qualquer dia.

E, a propósito, para muitos, 12/06 é dia de Futebol. Se você não gosta, exerça sua liberdade, e vá fazer algo que te dê prazer!

FELIZ 12 DE JUNHO!