ANTES SÓ…

Cópia de SOZINHA 1Claro que a solidão constante não é saudável. Parece bela em poemas, músicas, fotografias e obras de arte. Mas na vida real dói e pesa.

Mas… Isso não significa que ter alguém ao lado, simplesmente, seja bom ou que resolverá o problema. Quem nunca se sentiu sozinho ao lado de alguém ou mesmo em meio a uma multidão? Que nunca desejou não ter conhecido tal pessoa, com quem esteve ao lado?

Mesmo assim, um conformismo sorrateiro paira sobre a mente das mulheres (temporária ou permanentemente) solitárias. Aquele que vem em frases do tipo “ruim com ele, pior sem ele”, “enquanto não encontro o certo me divirto com os errados”, “pelo menos não estou sozinha”, etc.
Essa perspectiva não só abala a autoimagem/autoestima da mulher fazendo com que acredite que não possui atributos suficientes para se relacionar com um homem que realmente valha a pena, como também provoca uma reação negativa no homem com quem esta no momento, fazendo-o relaxar e se sentir cada vez menos comprometido com princípios básicos de um relacionamento.

A velha e infantil história do “por que ser melhor se já tenho o que quero?”.

Em curto prazo, essa presença parece uma solução viável ou inevitável para suprir uma carência. Em longo prazo, pode agravar o problema e criar outros novos, como se apaixonar por alguém que não tem qualquer intenção de comprometimento à você; ser usada e manipulada por uns bons anos; ou ate mesmo bloquear a aproximação de alguém que se interessa de fato em sua vida.

Será mesmo que estar sozinha é pior do que se submeter a certas coisas?

Ouço relatos de mulheres que se entregaram de corpo e alma a alguém que sabiam não nutrir nenhum sentimento. Mas de quem não conseguiam ficar longe por doer demais.
Passado algum tempo o que dói demais é o fato de ter sido usada e humilhada, para, no final, acabar ficando sem o tal cara. Ouvi recentemente sobre uma personagem de novela que ignorava uma traição, do amado galã, por que achava mais cômodo fingir que não viu e continuar “sendo feliz”.
Que tipo de mensagem isso transmite?
Aceite migalhas! Assim está bom! Ele te faz feliz e é isso que importa!

Uma contribuição considerável ao machismo, à falta de caráter e à falta de amor próprio. Mulheres com baixa autoestima e homens irresponsáveis, insensíveis e infiéis.
A solidão forçada é ruim, mas não gostar de si mesma também é. Por que não aproveitar para se conhecer, se apreciar e fazer aquilo que não teria tempo se estivesse acompanhada?

Jean Paul Sartre foi duro, mas correto: “se você sente solidão quando a sós, está em má companhia.” A medida certa de amor por outrem deve ser, no máximo, a medida de amor próprio – nunca mais do que isso.

Em um episódio de “Two and a half men”, Charlie, personagem canalha, mulherengo, infantil, preguiçoso e irresponsável se apaixonou por Mia, uma mulher inteligente, simpática, linda e de bom caráter. Ela tentou por algum tempo fazê-lo pmia_namoradas_charlieerceber que seu estilo de vida não seria viável para um relacionamento sério. Quando percebeu que não teria jeito, pois ele jamais mudaria, soltou a seguinte lição:
“Charlie, eu te amo demais para tentar mudá-lo. Mas me amo demais para aceitá-lo do jeito que é”. E partiu.

Se você enfrenta problemas no relacionamento, mas há respeito e ainda se amam, é outra questão. Mas se está com alguém simplesmente por não suportar estar só, tome cuidado e reflita se vale mesmo a pena. Dois dos maiores inimigos da mulher são ansiedade e carência. E “só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo” (Carlos Drummond de Andrade).

Está recebendo o que merece ou apenas migalhas?
Vale a pena?

Você receberá o amor exatamente na mesma medida que aceita.
Ame-se o máximo que puder e as pessoas irão te amar também.
Afinal, já estamos cansados de ouvir “antes só do que mal acompanhado”.
Descubra se não está na hora de ficar (um tempo) sozinha.

Alessandro Poveda
Psicanalista SAC
(11) 94945-8735

 

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3 comments to “ANTES SÓ…”
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