É um termo de origem grega (dilemma) que significa “dupla proposição”. Vale lembrar que um “lema” é uma proposição. Na acepção mais remota da palavra, um dilema era formado por duas premissas contraditórias, disjuntivas e excludentes, de forma que, seria impossível escolher ambas, ou reduzir seu impacto.
Em nosso contexto a palavra passou a ser usada em qualquer situação em que haja uma dúvida crucial entre duas escolhas que trarão benefícios ou prejuízos, sem que haja possibilidade de relativizar ou minimizar os impactos. Escolher “X” é abrir mão de qualquer vantagem de “Y” e vice-versa. Porém, o dilema grego envolvia uma questão mais complexa, pois se constituía quase um paradoxo.
Assim, o que está em jogo diante de um dilema é a INSATISFAÇÃO. Qualquer que seja a escolha, o sujeito estará diante de um problema não exatamente resolvido. Como diz Jorge Forbes “a única certeza que temos diante de dez possibilidades é que vamos escolher uma e perder as outras. Fazer escolhas dá angústias.”
Um dos dilemas mais conhecidos, traz, em uma de suas versões, a seguinte narrativa:
“Hoje é um dia de sábado, e é decretado que um prisioneiro será enforcado na semana seguinte (entre domingo e sábado) exatamente ao meio-dia. É decretado também que o ato ocorrerá em um dia inesperado, ou seja, só será descoberto no próprio dia.
O prisioneiro, esperando saber quantos dias de vida ainda lhe restam e, presumindo que o decreto diga a verdade, passa a procurar as possibilidades para descobrir a data.
Ele conclui que o enforcamento não poderia ocorrer no sábado seguinte, pois se ocorresse, na sexta-feira após ao meio-dia já se saberia o dia do enforcamento com certeza, e ele já não seria mais inesperado. Ele reflete então que o enforcamento não poderia ocorrer na sexta-feira pois na quinta-feira ao meio-dia já se saberia, tendo em vista que já sabe que não ocorrerá no sábado. De modo análogo, ele conclui que o enforcamento não ocorreria na quinta-feira, na quarta-feira, na terça-feira, na segunda-feira e no domingo. Chegamos então à conclusão que o enforcamento não pode ocorrer da forma que foi anunciado”.
O paradoxo decorre do fato que, uma vez que o enforcamento não pode ocorrer de acordo com as regras estabelecidas, não se espera que ele ocorra em nenhum dia da semana. Supondo que o diretor da prisão resolva enforcar o prisioneiro na quarta-feira, ele será totalmente imprevisto, pela própria razão que levou o prisioneiro a considerar que não poderia ser imprevisível”.
Muitas de nossas escolhas produzem essa mesma sensação. Não é possível saber qual é a melhor decisão, ou qual será o resultado da escolha que fazemos. No filme “Efeito Borboleta”, de 2004, o personagem Evan Treborn (Ashton Kutcher) descobre que tem a capacidade de voltar ao passado e alterar suas decisões tomadas, na esperança de corrigir os erros do presente. Porém, cada mudança no passado gera ações inesperadas e nem sempre positivas. O que podemos extrair disso é que nunca saímos ilesos de nossas decisões. Sempre haverá uma consequência, mas isso não deve nos impedir de tomar decisões.
Portanto, quando estiver diante de um dilema, por exemplo, escolher entre o trabalho que você deseja e aquele que paga o maior salário, saiba que seu maior desafio é conviver com a insatisfação.
Alessandro Poveda Psicanalista SAC (11) 94945-8735