“Havia um homem que mantinha acima de sua cama uma placa com os dizeres:
ISSO TAMBÉM PASSA…
Então perguntaram a ele o motivo. Ele respondeu que era para se lembrar de que, quando estivesse passando por momentos ruins, eles iriam embora e que ele teria que passar por aquilo por algum motivo. Mas essa placa também era para lembrá-lo de que quando estivesse muito feliz, que não deixasse tudo pra trás porque esses momentos também iriam passar e momentos difíceis viriam de novo. E é exatamente disso que a vida é feita MOMENTOS! Momentos pelos quais vamos passar, sendo bons ou não, e que servirão para nosso próprio aprendizado”.
Esta história atribuída a Chico Xavier é bastante difundida na Internet, especialmente nas redes sociais. Claro que a maioria das pessoas o compartilha quando está enfrentando dificuldades. Mas será que, de fato, as pessoas refletem sobre esta questão de maneira profunda? A dúvida é legítima. Somos cada vez mais ansiosos, cada vez mais imediatistas, cada vez menos pacientes e nos frustramos rapidamente. Todo nosso esforço parece concentrado em evitar o sofrimento ou minimizar uma dor. Muitas vezes por antecedência.
Não preciso de poderes sobrenaturais para deduzir que você está passando por problemas. Por menores que sejam, eles estão sempre presente. Não é difícil supor que ao menos uma área de sua vida você deseja melhorar. Problemas no relacionamento (talvez em fase de separação), questões complicadas com filhos ou pais, dificuldades financeiras, solidão, baixa autoestima, questões de saúde… É possível que não haja uma solução imediata para sua questão.
Mas, volte-se para o texto.
Sim, este período de tristeza vai passar, a menos que você esteja no fim de sua vida. E, se fosse o caso, duvido que você ficaria inerte esperando a hora chegar. Não, você tentaria aproveitar da melhor forma cada segundo. E muitas pessoas estão fazendo isso, sorrindo e fazendo sorrir. Mesmo as pessoas que estão alegres ou festejando têm problemas.
É bastante popular a ideia de que peixes tem péssima memória. Tanto que o filme Procurando Nemo explora essa crença com a personagem “Dory”. Um peixe fêmea, que sofre de perda de memória recente e constantemente esquece de seu companheiro e até mesmo o que estão procurando.
Alguns estudos tentam derrubar esse mito sobre os peixes. Porém, vamos imaginar que exista alguma espécie semelhante à Dory. Sua deficiência compromete a visão ampla de um futuro, de uma meta, de uma razão de viver. Em contrapartida seus últimos minutos de vida devem ser terríveis, pois, em sua mente ela passou a vida toda agonizando até a morte.
Com muitas pessoas ocorre de forma semelhante. Sua carência de planos, de razões para viver, de objetivos fazem com que seu cotidiano seja apenas lamento. Ao passo que a visão limitada traz a impressão de que a vida toda foi de puro sofrimento e não há perspectiva de mudança. Então ocorre a entrega ao problema.
Você deve conhecer alguma jovem garota que está aos prantos por causa do fim de um relacionamento. Em muitos casos, um dos primeiros. Claro que a dor é compreensível e legítima. Afinal isso faz parte de seu universo e é um dos primeiros golpes de realidade da vida. Porém, o que agrava o problema é a ausência de um olhar mais amplo e panorâmico. Seu relacionamento foi colocado no centro de sua vontade, na escala mais alta de importância e, com o fim, sua estrutura desabou por ter sido construída sobre a areia.
É neste momento que o texto deveria fazer mais sentido. ISSO VAI PASSAR, da mesma forma como os bons momentos do relacionamento passaram.
Nossa vida é dinâmica, não é estática. Ela tem altos e baixos, ganhos e perdas, momentos bons e ruins e todos eles vão passar.
<< Se sua vida não tem altos e baixos, você está morta.
Você já refletiu sobre a letra de “Como uma onda no mar”? “Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas, como um mar, num indo e vindo infinito. Tudo que se vê não é igual ao que a gente viu a um segundo tudo muda o tempo todo no mundo”.
Certa vez eu conversava com uma moça que estava totalmente sem ânimo para quaisquer atividades depois que o namorado a deixou. Eu ouvi com atenção sua história e, assim como muitas, ela alegava que a vida parecia ter perdido o sentido. Mas, mais difícil do que encontrar o sentido foi responder às perguntas que eu a fiz:
1) Quando você o conheceu? Quando começaram a se relacionar?
2) Como é que você sobreviveu até aquele momento em ele?
Já se imaginou daqui a 5, 10, 15 anos? Acha que ainda estará chorando por essas mesmas razões? Não terá reconstruído sua vida? Provavelmente sim e, pasme, terá outros problemas para sanar.
Sua vida começou muito antes de seu relacionamento. Você sobreviveu a muitas perdas antes desta. Vai doer SIM e talvez MUITO. Mas a vida vai continuar e cada segundo desperdiçado é extremamento valioso. Lembre-se:
“Chore um rio. Construa uma ponte. Passe sobre ele”.
Lulu Santos conclui seu poema afirmando:
“Não adianta fugir nem mentir pra si mesmo agora. Há tanta vida lá fora… Aqui dentro sempre”.
Há vida dentro de você!
Essa fase vai passar.
Alessandro Poveda Psicanalista SAC (11) 94945-8735
Impressionante como o texto parece falar comigo!!!muito bom!!
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