SUJEITO SUPOSTO SABER

Imagem1Quando um psicanalista ou psicólogo é procurado, o paciente supõe que este possa auxiliá-lo em sua demanda, ajudar em seu conflito, responder a seus questionamentos. Dependendo do grau da angústia e dos sintomas, pode também imaginar que o profissional saiba revelar verdades sobre ele e trazer soluções a seus problemas. Assim nasce a ideia do Sujeito Suposto Saber. Obviamente, o conceito é complexo, como geralmente são os conceitos lacanianos. Porém, o objetivo aqui não é esgotar o tema, mas trazer uma noção.

Essa fantasia do paciente de que aquele que está diante dele conduzindo a sessão SABE algo sobre ele que ele mesmo não sabe, é NECESSÁRIA para o andamento da análise por meio da transferência.
Talvez o analista faça cara de quem sabe, talvez olhe como se soubesse, mas ele sabe que não sabe. Como é possível que alguém saiba mais de você do que você mesmo?
Essa sensação angustiante nos revela que Freud tinha razão. Existe um aspecto de mim que desconheço. Se chama inconsciente. Embora eu tenha “notícias” de sua existência, por meio dos atos falhos, dos lapsos, dos chistes, dos sonhos e dos sintomas, eu não sei exatamente o que ele está me dizendo. Ele diz numa linguagem própria, e é aqui que mora a questão.

Uma amiga, psicanalista e professora, Tassia Borges, certa vez disse que, estar num processo analítico é02 como escrever uma redação e alguém ler para você, em voz alta. Esse alguém é o psicanalista. Ele é aquele que vai possibilitar a organização e a leitura do inconsciente. Mas, para isso, ele precisa do analisando. Ele precisa que o paciente FALE, que fale livremente tudo o que deseja falar e também aquilo que não deseja, mas que fala mesmo assim. Fale de sua história, suas dores, seus desejos, seus medos… O lugar do analista é a garantia ao paciente de que ele não fala atoa, mas que suas palavras estão formando um saber. Conforme ele vai falando o inconsciente fala junto. É isso que possibilita a leitura. O lugar do analista é suposto porque o indivíduo o supôs. Mas o saber é produzido pela fala.

Como disse Lacan: “O inconsciente é o não-sabido de um saber, quer dizer, um saber que não tem sujeito, um sujeito que saiba”.

O analista é aquele que segura o espelho para que o paciente possa se enxergar.

Alessandro Poveda
Psicanalista SAC
(11) 94945-8735

 

 

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