O QUE FOI QUE VOCÊ VIU NELE?

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Que mulher com mais de 20 anos (às vezes menos) nunca ouviu esta frase?
Que mulher com o mínimo de experiência em relacionamentos nunca se fez essa pergunta?
Às vezes a mulher inteligente, bela, educada, responsável e estável financeiramente, parece escolher alguém exatamente oposto para se relacionar. Talvez isso alimente a ideia de que o amor é cego e de que a paixão é quase uma doença.

A teoria de que os opostos se atraem não precisa ser levada tão à risca.

Claro que não estou insinuando que as pessoas devam criar “critérios técnicos de avaliação” para se relacionar, deixando de lado o romantismo, o acaso, e a espontaneidade. Nem vamos querer introduzir uma segregação do tipo “rica fica com rico, pobre com pobre”. Não é isso.
Quando esta pergunta é feita é por que há uma clara disparidade, especialmente de objetivos na vida. Há uma diferença grande de projetos, planos, ações, pensamentos e atitudes. É uma situação onde não há troca, apenas cessão. Não há reciprocidade.
Não se utiliza esta frase para uma mulher apenas por que seu parceiro torce pelo time rival do dela ou por que ele não é um exemplo de beleza.
“Existia amor, mas faltava reciprocidade entende? Então faltava tudo!”
(Francielen h. Patrício)

Certa vez conversando com uma jovem que ainda se recuperava da frustração de ter sido deixada pelo namorado e que, mesmo depois de meses, não conseguia esquecer, imaginei que se tratava de alguém irresistível em todos os sentidos. Para não ficar viajando em meus próprios referenciais, comecei a fazer perguntas para entender o que ainda a alimentava…
- Ele deve ser muito bonito, não?
- Na verdade não.
- Entendo. Então ele deve ser bem simpático e bem humorado…
- Não, ele é até meio grosso e rude, às vezes.
-Então vocês devem ter uma boa sintonia na cama, imagino…
- Olha, o sexo era bem “mais ou menos”.
- Deve ser muito inteligente! Um gênio…
- Ele fala errado, escreve mal e tem raciocínio lento.
- O cara deve ser bem família, honesto e trabalhador, então?
- Então, ele é meio preguiçoso e me explorava um pouco. Sempre eu pagava tudo e ele estava sempre desempregado.
- ……..!!???

A esta altura eu já havia desistido de fazer perguntas. cat_dog_couple_sleep_1820_1920x1080
Estava claro o fato de que nem ela mesma sabia o real motivo de ter se apaixonado tão cegamente. 
Como admirador de Freud, eu só conseguia pensar que tal atração era fruto do Complexo de Édipo. “A Dama e o Vagabundo” é uma história bonitinha por que é filme e por que são cachorros. “Eduardo e Mônica” é meigo por que é música. Na vida real é um pouco diferente.
Os homens não sabem dar valor às suas próprias mulheres. Isso deixam para outros”.
(Oscar Wilde)

Entenda que nosso relacionamento sempre é pautado por um referencial anterior. Se aprendemos o que é amor com alguém que ama, a tendência é reproduzir esse comportamento. O mesmo ocorre se nosso modelo é um total fracasso na arte de se relacionar. Há uma frase muito meiga que circula pela web:

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É uma linda frase. Mas, é necessário observar o contexto. Certamente não se refere a uma mulher que trabalha, cuida da saúde, do corpo, da alma, das finanças, da cultura, do lazer, do bem estar e que está enrolada numa relação com um cara covarde, imaturo, preguiçoso, mulherengo, lerdo, irresponsável e inconsequente.

A frase não faria o menor sentido…“Sou uma mulher forte, linda e inteligente. Só me falta um pouco de preguiça para ser feliz”.

Se falta algo tão negativo em você, isso é uma qualidade, não um defeito.

Muitas mulheres percebem de maneira tardia essa disparidade. Nesse caso elas se lamentam por terem desperdiçado tanto tempo com alguém que não valia à pena. Se você está num relacionamento de brigas, agressões, discussões, desrespeito, ofensas, que não evolui, não cresce, não amadurece e, acima de tudo, não dá prazer, busque a resposta à principal pergunta: O que foi que você viu nele?

Se não souber responder, o que falta em você pode ser amor próprio.
“Falta-nos o amor-próprio suficiente para nos não importarmos com o desprezo dos outros”.
(Luc de Clapiers Vauvenargues)

Se não há troca, se não há contrapartida, se não há soma, não é relacionamento, é oportunismo, comodismo ou carência.
Repense sua relação.

Alessandro Poveda
Psicanalista SAC
(11) 94945-8735
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