Desperdiçar é despender tempo, esforço, dinheiro ou qualquer bem em algo que não trará retorno. É levar prejuízo, é despesa inútil.
Obviamente todo desperdício nos consome algo que poderia ter melhor fim, ser melhor aproveitado e trazer benefício a alguém. E quando se fala em sentimentos também existe a possibilidade de desperdício. Um número assustador de mulheres têm desperdiçado meses, anos e até décadas de suas vida em uma relação que não produz frutos, que é vazia, sem forma, sem resultado. Um imenso poço sem fundo, desgastante e consumidor de energia.
Sim, há muitas mulheres ocupando seu precioso tempo, utilizando seus recursos financeiros, cedendo espaço em seu lar, dividindo sua intimidade e vida social, e enfraquecendo sua saúde para obter, por menor que seja, um pouco de atenção, afeto, carinho ou respeito. Mas muitas vezes não percebem que o processo é justamente inverso, não recebem sequer o suficiente para esboçar um sorriso. A alegria não tem base, não tem alicerce, não tem essência.
Não são poucos os homens que, por uma série de fatores muitas vezes neuróticos – como carência, frustração, projeção, narcisismo ou mesmo desvio de caráter – usam da mulher como objeto para suprir seus anseios de maneira egoísta. Pressão psicológica, chantagem emocional, comportamento infantilizado, ameaças, simulações, imagem de dependência, etc. são alguns dos recursos utilizados para manter-se ligado à mulher sem que ela vislumbre uma possibilidade de desvinculo.
Quando a mulher se encontra nessa situação não há paliativos que resolvam. É necessário uma atitude, um movimento, algo que o faça sair da inércia, algo que a tire desta prisão. E o primeiro grande passo é entender sua própria história, sua estrutura psíquica. Entender as razões que a levaram a aceitar uma relação em que não há reciprocidade.
“Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!” (Martha Medeiros)
As razões podem ser as mais diversas. Desde um sentimento de culpa por algo que tenha feito. Pode ser que acredite possuir uma dívida para com a pessoa. Pode ser que esteja tentando corrigir uma atitude do passado. Pode ser simplesmente carência ou por achar que não será amada por outra pessoa. Essas e outras origens aprisionam a razão e podem gerar comportamentos completamente autodestrutivos.
Uma das ilusões que nossa mente insiste em alimentar é a de que um SENTIMENTO é o suficiente numa relação. A ideia de que uma paixão pode mover o mundo, que o amor é um sentimento que tudo supera, mas não é bem assim que a coisa funciona. Primeiro, por que paixão tem começo, meio e fim e, como já vimos no texto “Paixão: Cega, surda e louca”. Paixão está mais para doença do que para sentimento. Segundo por que amor é ATITUDE não sentimento. Se eu disser que amo você, mas te maltratar, o máximo que vai acontecer é gerar confusão. Quando se ama de verdade deve-se agir em função desse sentimento, ou seja, propiciar o melhor para o objeto amado.
Seguindo esta lógica, eu só amo quem eu demonstro amar. Por isso, amar e somente amar, não garantirá a felicidade. O amor é sim condicional, mesmo que seja condicionado ao próprio retorno do amor. Você despende amor e em troca recebe mais amor e então estará pronta para manter o ciclo. Nesse caso não há desperdício. Amar e simplesmente amar sem que haja contrapartida traz enfado, tristeza e vazio.
Há uma bela canção da banda de rock Iron Maiden chamada “Wasting Love” que traz em sua letra o seguinte trecho: “Sonhem irmãos, enquanto podem. Sonhem irmãs, espero que encontrem ‘o homem’. Todas nossas vidas, cobertas rapidamente pelas marés do tempo. O tempo está passando e as linhas estão na sua mão. Em seus olhos eu vejo a fome e o grito desesperado que rasga a noite…”.
“Desperdiçando amor” é o nome da música. E é isso que muita gente está fazendo. 1, 2, 5, 10 anos ao lado de alguém que suga sua energia, entusiasmo, vida. Há uma série de oportunidades para oferecer o que você tem de importante, tempo e a saúde. Imagine que o tempo está passando e que cada minuto da vida serve para dar o melhor e receber o melhor também em troca. É assim que as engrenagens funcionam. Nós alimentamos e somos alimentados.
“A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade”. (Mary Cholmondeley)
Ofereça amor a quem o valoriza. Assim será um relacionamento com fonte inesgotável. Nenhum barco funciona remando em apenas um dos lados. O máximo que consegue e girar sem rumo e sem propósito.
Responda a essas questões: Você está ao lado de um homem que:
A constrange na frente de outras pessoas?
Faz com que você se sinta incapaz de tomar decisões?
Usa da intimidação, culpa e ameaças para obter sua complacência?
Diz que você não é nada sem ele ou que ele não é nada sem você?
Tenta controlar suas decisões em ao menos tomar as próprias?
Não trabalha ou não consegue se firmar em nenhum emprego por muito tempo?
Depende financeiramente de você ou dos pais?
Recorre aos pais a qualquer sinal de instabilidade na relação?
É incapaz de assumir responsabilidades de um adulto? (Imaturidade Masculina)
Te culpa pela maneira como age ou se sente?
Dá a sensação de que “não há como sair” do relacionamento?
Evita que você faça outras coisas que gosta?
Faz você chorar em vez de fazê-la sorrir?
Você é uma pessoa mais feliz e realizada do que era antes dele surgir em sua vida?
Essas respostas ajudarão você a avaliar se está ou não desperdiçando amor.
“Descubra do que você tem fome. É um desperdício imperdoável passar a vida empanzinado daquilo que não nos sacia”. (Sarah Westphal)
Se você conhece alguém que está presa, antes de tudo, por si mesma, compartilhe este texto. A liberdade começa de dentro para fora.
Alessandro Poveda Psicanalista SAC (11) 94945-8735